BOAS VINDAS

SEJAM BEM-VINDOS AO ICAPUÍ POÉTICO.OBRIGADO PELA VISITA.

sexta-feira, 28 de maio de 2021

 

CRÔNICA

UMA ESPERANÇA ABANDONADA

Prof Antônio José

 

Todos os dias passo por ela. Percebo que não anda bem, seu corpo está coberto de buracos e os seus olhos cobertos de matos como um navio naufragado nas profundezas do oceano. Ela surgiu ali há pouco tempo, recebeu esse nome por causa das preciosidades que nela existem. São Esmeraldas e Jades refletindo o verde dos olhos da Esperança. Ela ainda está viva, mas pede socorro das autoridades ambientais, governamentais, pois se não for feito nada, não sei até quando ainda terei o privilégio de vê-la passar de frente a minha casa.

Hoje mesmo passava por ela, parei um pouco, fiquei a contemplá-la e sentia seu pulso frágil como se tivesse a me dizer: “Faça alguma coisa por mim, eu não quero desaparecer”. Naquele momento, não fiz outra coisa a não ser baixar a cabeça e perceber as lágrimas salgarem a minha boca. Ainda quis tocar nela, porém seu corpo debilitado não me permitia, seria torturá-la ainda mais, aumentando as suas dores. Socorrê-la, seria o mínimo, diante de tamanho abandono. Sua boca está quase se fechando, o alimento já tem dificuldade de entrar, sua vida está por um fio.

Não sou cético, ainda acredito que o mundo pode ser diferente quando as pessoas apostarem na esperança de dias melhores e fizerem do seu discurso um testemunho autêntico de sua prática. A rua da Esperança, plantada no coração de Cajuais, município de Icapuí, não pode desaparecer, ela acabou de nascer e seus frutos ainda nem vingaram. Se não bastasse a água da chuva que a deixa encharcada, a coberta de matagal que a sufoca e os buracos eternos do seu corpo, que o desprezo não seja mais uma causa do seu sepultamento.

Fui embora, alguns instantes que passei ali, foram suficientes para perceber que o discurso anda muito longe da prática. Há quem diga: “Quem ama, cuida”. Verdade, os cuidados estão para o amor assim como as obras estão para a fé. Mas o que vejo é um desprezo desmedido, ela está desaparecendo e se continuar assim talvez ninguém a encontre mais no mapa. Não, ela não vai embora, a esperança há de salvar outra Esperança e as asas daquela baterão de alegria por essa.

Finalmente, a Esperança ainda tem voz e vai vencer os desatinos do descaso. Seus olhos são Esmeraldas e, por isso, atraem bênçãos universais, favorece a estabilidade financeira, nos sintoniza com a abundância, nos conecta com o fluxo de energia do amor divino e ajuda a atrair tudo de que precisamos. Enquanto há vida, há esperança batendo as asas em outra Esperança!

quarta-feira, 26 de maio de 2021

 TEXTO DE MEMÓRIAS LITERÁRIAS

“EU ERA FELIZ E NÃO SABIA”
Prof Antônio José
Década de 70, nascia uma criança alva, de olhos castanhos, filho de um pescador respeitado e de uma mulher guerreira. Meu pai partiu nessa época, lembro do funeral como se fosse hoje, mas esse é um capítulo que quero pular. Quero aqui lembrar daquilo que me dá esperança, alegria, entusiasmo... Sempre morei em Icapuí e aqui desbravo a minha infância.
As lembranças são muitas, mas algumas têm um sabor especial. A minha infância foi recheada de brincadeiras, cavalinho feito de talo de carnaubeira e lá ia eu para o cercado pegar a matéria prima para fazer o meu cavalo e depois sair galopando sob as sombras dos coqueiros, driblando os carrapichos espalhados sobre a terra. Ah, como era bom ser criança naquela época! As roladeiras feitas de latas de Ninho, uma pegada na outra, como um trem com seus inúmeros vagões. E os cata-ventos de lata de óleo Pajeú? Como giravam pendurados no telhado da minha casa! Ficava horas no morro brincando de pipa, brinquedo que eu mesmo fazia. Muitas vezes, de tanto puxar a danada, a linha quebrava e ela só não se esparramava no chão, porque as palhas dos coqueiros não deixavam que isso acontecesse. A natureza tem seus mistérios!
Lembro-me, como se fosse hoje, dos rachas que fazíamos, outras crianças estavam comigo, na praia, com uma bola branquinha, a dente de leite, que nossos pais compravam depois de muito aperreio. Os cavaletes eram nossos fiéis amigos, com eles subíamos a serra, sempre debaixo do braço, e lá no alto sentávamos em suas cavas e descíamos embalados de serra abaixo. Cada um querendo chegar primeiro e aquele que alcançava a façanha fazia uma festa, também não era para menos. A gente realmente brincava!
Era um garoto travesso, lembro que cortava os caules dos coqueiros, só para fazer raiva aos seus donos. Saía com uma baladeira, depois fiquei sabendo que era chamada de estilingue, as rolinhas não tinham sossego. Quantas vezes não peguei aquelas pedrinhas brancas, arredondadas, encontradas na praia e atirei nas redes armadas, nos alpendres das casas, dizendo: “toma na cocada Zé Miolo”. Ludibriava meus pais, meus avós, escondia-me por trás dos morros quando saiam a me procurar na praia, no mar, nas pedras. Eu era travesso e não sabia!
O mar era e ainda hoje é o meu grande encanto, mergulhava em suas águas frias, às vezes geladas, deslizava sobre um pedaço de tábua nas suas ondas espumantes, ali estava a minha prancha, saía com uma catraia, isto é, um barco feito de isopor, ripas e, muitas vezes, coberto com talos de coqueiro. Com ele, eu ganhava o oceano e parava nas pedras para pescar de linha de vara, linha de mão e quando o peixe pinicava a isca, quase sempre era búzio coletado na praia, eu puxava a linha e comemorava o resultado da pescaria. Eu vibrava de felicidade!
Aquele tempo era muito diferente de hoje. Nós, crianças, realmente brincávamos, éramos felizes, apesar da vida difícil que levávamos. Os nossos brinquedos, em sua maioria, eram construídos por nós, a partir de objetos encontrados ou reaproveitados. A imaginação corria solta, não tínhamos que manipular algo pronto e acabado, tudo era muito natural. A vida era cheia de encantos e ficava mais misteriosa quando a minha avó me contava as histórias de trancoso. Existia tempo para as histórias, os romances, a literatura de cordel, as cantorias de viola, talvez seja daí que tenha nascido a minha admiração pela poesia popular.
Hoje, é todo mundo com um celular na mão, desde a mais tenra idade. Já não existem mais os ciclos de família, as rodas dos batelões, dos anéis, da pera, uva, maçã, salada mista. Não sobra mais tempo, os valores são outros, a vida deixou de ser humana para ser tecnológica. Ah, que saudade do meu tempo de criança! Eu era feliz e não sabia...
Pode ser uma imagem de 1 pessoa, criança, ao ar livre e texto
Hélio Fernandes Rebouças, Neide Alcantara e 1 outra pessoa
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segunda-feira, 24 de maio de 2021

PARAÍSO

PARAÍSO
Prof Antônio José
Hoje me veio a vontade
De escrever uns versinhos
Pensei em falar da Terra
Mas aqui tem muito espinho
Prefiro falar do paraíso
Onde o choro vira riso
Onde o ódio vira carinho
Na Terra o homem inveja
Degrada o meio ambiente
Age com muita injustiça
Torna o ser indigente
No paraíso, reina o amor
Sem espinho, nasce a flor
Lá tudo é mui diferente!
Na Terra jaz a ganância
O preconceito desmedido
Pessoas mui imprudentes
Sem a noção do perigo
Mas há um lugar seguro
Onde nada é mais escuro
Esse lugar é o paraísooo
No paraíso só há deleite
Há paz em todo recanto
O leão vive com o homem
O pássaro libera o canto
Na há prisão nem algema
O amor é o grande lema
Na há notícias de espanto
E agora vou me despedir
Com sonhos animadores
Ainda há uma esperança
Diante de tantos rumores
Há um paraíso no infinito
Onde tudo é mais bonito
Onde espinhos viram flores.
Pode ser uma imagem de 2 pessoas
Hélio Fernandes Rebouças, Alaene Barbosa e outras 14 pessoas
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ICAPUÍ

Prof Antônio José
Icapuí de muitas cores
De coqueiros tremulantes
De crustáceos saborosos
De Sol forte e brilhante
Icapuí de belas praias
De moquecas de arraia
De povo aconchegante!
Icapuí de pedras nuas
De tapetes arenosos
De mar verde e azulado
De camarões gostosos
Icapuí de povo abençoado
De cardápio mui variado
De contos misteriosos!
Icapuí de muitas pelejas
De pescadores destemidos
De mulheres aguerridas
De sonhos mui coloridos
Icapuí dos manguezais
Dos mais antigos currais
Do mirante sem partido!
Icapuí de verso e rima
De cultura diversificada
De buchada de carneiro
De forró, de vaquejada
Icapuí de carnaval na areia
Da lenda de uma sereia
E da poesia mui rimada!
Pode ser uma imagem de comida
Lucileide Silva, Esc Joana Marques e outras 9 pessoas

MULHER


MULHER
Prof Antônio José
HOJE RESOLVI ESCREVER
COM PENA DE FORMOSURA
PARA FALAR DE UMA FIGURA
QUE AJUDA O NOSSO VIVER
ELA É MULHER PODE CRER
E SABE SER MÃE TAMBÉM
COMO ELA MAIS NINGUÉM
AQUI NESSE MUNDO LOUCO
UMA HOMENAGEM É POUCO
VIVA AS MULHERES DO BEM!
MULHER SÍMBOLO DE AMOR
DE TERNURA SEM MEDIDA
O BEÇÁRIO DE UMA VIDA
O PERFUME DE UMA FLOR
SABE SER FRIO E CALOR
NO MOMENTO BEM PRECISO
SOLUÇÃO DO INDECISO
NA HORA DE UMA AGONIA
MULHER NOS LEMBRA MARIA
NOS LEMBRA TAMBÉM O RISO
MULHER, DOCE SABOR DO MEL
GUERREIRA POR EXCELÊNCIA
OCEANO DE EXPERIÊNCIA
A PEDRA DE UM ANEL
NEM SEMPRE SERÁ FIEL
TUDO TEM SUA MEDIDA
POIS AS RAÍZES DA VIDA
GERMINAM COM FERTILIDADE
FALTANDO A SINCERIDADE
UMA ALIANÇA É ROMPIDA
ENCERRO MEU VERSEJAR
MAS DEIXO AQUI MINHA RIMA
POIS ESSE DIA NOS ANIMA
COMO UMA NOITE DE LUAR
TEM MULHER NO MEU RIMAR
TEM INSPIRAÇÃO LATENTE
TEM POESIA DIFERENTE
TUDO COMO A GENTE QUER
TODO DIA É DA MULHER
GUARDO ISSO AQUI NA MENTE!
PARABÉNS, MULHERES!
Lucileide Silva, Esc Joana Marques e outras 16 pessoas
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