DIA DE FINADOS
Profº Antônio José
Na manhã dessa sexta-feira fui ao lugar dos
mortos-vivos. Essas pessoas que não se apagam porque continuam presentes na
nossa memória. Lugar de saudades, mas não de separação, pois muitas vezes
estamos tão pertos quando estamos aparentemente ausentes. Não é o corpo por si
só que fala da nossa presença, são as nossas atitudes, o nosso jeito peculiar
de marcar registros, lembranças, presença na vida daqueles que verdadeiramente nos amam.
Visitamos sim, no dia de finados, o espaço de
corpos que não se acabam, pois segundo Lavoisier “na natureza nada se cria,
nada se perde, tudo se transforma”. São corpos vestidos de madeira submersos
pela areia escura ou por concreto frio aguardando o processo da transformação
natural. Lá estão eles, alguns mais recentes com a forma não muito desfigurada,
lá estão outros com os ossos quebradiços e afinados pelo desgaste da
decomposição. Ninguém deseja está naquela tumba fria, mas que queiramos ou não
um dia será o nosso dia, uma hora será a nossa hora.
E a vida continua, mudamos de lugar com a
permissão do criador, mas não deixamos de existir, pois o corpo toma outras
formas de ser e a alma continua viva na nossa memória, no nosso coração, haja
vista que enquanto seres viventes apenas nos transformamos para partir e
partimos para nos transformar. E o espírito aguarda os desígnios do supremo Deus.
Saio daquele lugar onde vivo-falantes se
misturam com o silêncio dos mortos- vivos e me ponho a pensar como a vida é um
vento que sopra velozmente, uma nuvem que passa, porém todo esse mistério é
visto de várias maneiras e só nos resta dizer aos que amamos que
verdadeiramente os amamos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário