A SECA

Profº Antônio José

NESSE CORDEL O POETA

DEIXA A SUA IMPRESSÃO

SOBRE UM FENÔMENO CLIMÁTICO

QUE CAUSA DESOLAÇÃO

É SOBRE A SECA REAL

ONDE POBRE SE DÁ MAL

MORANDO AQUI NO SERTÃO.

O SERTÃO DOS BOIADEIROS

DA CAATINGA RETORCIDA

DA GALINHA CABIDELA

DA PASSARADA FLORIDA

DO FEIJÃO, DA MELANCIA

DO SOL E DA VENTANIA

DO PRAZER QUE TEM A VIDA.

O CAMPONÊS MUI ALEGRE

PLANTA A SUA ROCINHA

ACHANDO QUE LÁ PRA MARÇO

DEUS MANDA AQUELA CHUVINHA

MAS A VONTADE DO HOMEM

COM O TEMPO SE CONSOME

E NÃO CAI UMA GOTINHA.

A ROÇA QUE FOI PLANTADA

MURCHA E SECA DE REPENTE

O CAMPONÊS PERDE TUDO

DA ESPERANÇA A SEMENTE

O GADO FICA SEM PASTAGEM

NO RIO NÃO SE VER MARGEM

NO CAMPO NÃO SE VER GENTE.

O SOLO ESTÁ RACHADO

COM A SECA DESUMANA

O CAMPONÊS VAI EMBORA

COM A REDE TIJUBANA

POIS VIVER LÁ NO SERTÃO

SEM MANDIOCA E FEIJÃO

É COISA SÓ PRA BACANA.

SE OS NOSSOS GOVERNANTES

PELO SERTÃO DESSEM VOLTA

VISSEM A VAQUINHA MORRER

COM A SECA QUE REVOLTA

PENSARIAM DE OUTRO JEITO

DO RIO CAVAVAM O LEITO

DO LEITO A ÁGUA BROTA.

E ASSIM É TODA A SECA

QUE ASSOLA O SERTÃO

A CRIANÇA PEDE ÁGUA

O ADULTO PEDE PÃO

A VIDA É UMA DESGRACEIRA

PARA O POBRE, CHORADEIRA

PARA O RICO, DIVERSÃO.